Texto: O fim da linha

Eu fiquei aflita, confusa, não havia ninguém, nenhum rastro
seu, liguei tantas vezes para o seu telefone que até decorei a fala da
secretária eletrônica sobre o seu numero não existir. O que aconteceu? Perdeu o
celular? Foi roubado? Eu estava cega pelas lágrimas, mas o meu coração podia
ver muito bem que aquilo era um adeus.
Eu não sou boa com despedidas, mas você nem me deixou
tentar. Foi egoísta, você pensou que assim seria mais fácil, menos doloroso.
Para mim ou para você? Porque as palavras não ditas causam ainda mais confusão
aqui dentro. Mas eu iria ficar bem não é? Eu sempre fico. Sou uma garota forte,
independente. A ferida curou sozinha, sem band-aid e beijo pra sarar mais
rápido. Foi dolorido, difícil e demorou mais do que o tempo em que você esteve
aqui.
Eu não apaguei as nossas fotos do meu Instagram, não disse
coisas horríveis sobre você para as pessoas e nem me embebedei para esquecer o
barulho do nosso amor, eu só deixei o tempo passar. Fui a faculdade as
segundas, terminei o meu livro, mudei a decoração do meu apartamento e comprei
um monte de livros novos. Viajei com as minhas amigas e continuei observando as
estrelas. Depois de você nada mudou, eu ainda sou eu e você agora é só uma
lembrança.
Um dia desses encontrei o nosso, o seu amigo. Ele me disse
que havia comprado um carro e já tinha se formado. Ele perguntou se eu estava
bem, mas não bem de saúde, mas bem de você, disse também que você estava de
volta. E eu nem me importei. Não me importei quando o porteiro do meu prédio
disse que você tinha passado por lá e nem quando recebi uma solicitação de
amizade sua no Facebook. Se você queria se desculpar, eu estava disposta a
aceitá-las. Mas desculpas não apagam erros.
Estava frio e tudo o que eu queria quando sai de casa era um
café e alguns pretzels, mas não foi bem isso o que eu encontrei. Foi você.
Atravessando a Avenida. Você tinha mais tatuagens do que antes, estava fumando
e acompanhado de outros caras barra pesada. Você nem parecia o meu Pedro. E eu
tentei, tentei passar despercebida, mas talvez você ainda se lembre de como eu
sou, e quando os nossos olhares se encontraram tudo o que eu queria era me
esconder. Enquanto você gritava o meu nome, eu fingia que não era comigo.
Eu sinto muito.
Eu queria mais trilhos para a nossa linha do que a gente
teve, mas bem, trens vem e vão, alguns deles a gente simplesmente precisa
deixar partir.
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