Crônica: A carta que você nunca recebeu


Você é a avalanche em minha vida
É como a aurora da manhã
É a cicatriz incurável
Dói, doeu, por dias
Minha salvação
Ou será ilusão?
Não faça-me esperar por ti
Desejo você aqui
Há uma vida
Há alguém te ama
E precisa ser salva
Provoque a avalanche
E salve os nossos destinos
Porque tenho andado louca 
Eu tenho entrado em êxtase

Não estou te escrevendo  para te dizer o que você perdeu, ou dizer o quanto você ainda dói. Isso é uma despedida. Uma carta daquelas em que o destinatário nunca receberá. Talvez eu a guarde caso eu me esqueça de te dizer algo. Quero você fora da minha cabeça e do meu coração. Como você pode? Chega invadindo território privado e nem ao menos pede licença. Corações não são propriedades. Eu é quem deveria ditar as regras. Não acabe com o meu jogo. Porque você não encontrou as pistas que eu te deixei?

O seu problema é ter problemas demais. Você é muito bom no quesito idiota. E eu sou boa em ver o seu lado bom. Só que eu não posso fingir que não estou vendo as suas desventuras. O meu caminho  é tão certo, tem cheiro de amor e aventuras. Felicidade. O seu é tão torto e curvilíneo. Cheiro de fracasso e bebida. E você teve a chance de me ter na sua vida. Mas jogou fora quando decidiu que isso tudo seria um joguinho besta. Uma brincadeira. Mas eu não sou tão boa em brincadeiras quanto você, acostumado a roubar vidas? Bem, eu não sou assim.

Eu choro pelo amor, pela dor, por TPM.  Tenho uma série de circunstâncias e características na minha personalidade. Eu me sinto feia quando estou arrasadoramente linda, e odeio chamar atenção. Eu sou generosa, e amo retribuir o amor que recebo. Eu sou intrigante: as pessoas sempre tiram conclusões sobre mim. Eu vejo o lado bom. Odeio beber e to nem aí se o final de semana chegou e meus planos são ficar em casa, na verdade eu amo, lá tem exatamente tudo que eu preciso. Tudo bem não haver tantos garotos atrás de mim quanto há de garotas atrás de você. Não ligo para números, mas a verdade me chama a atenção, as histórias e a personalidade. O amor.

Será que um dia você vai se arrepender? Porque juro que eu quero saber o que o seu eu do futuro acha sobre o você de agora. Se você pudesse ver o quanto tudo isso é ruim. Para mim, você e mais quantas vítimas você tiver feito. Eu não sou mais uma prisioneira dessa situação. Você é. Essa extâse que você me causa, esse silêncio de amor. Vazio de palavras. Não mais, deixei de me embebedar de você, agora eu estou sóbria. Lúcida, em busca de amores e cores, flores no meu jardim. Arco iris no meu céu.

Vê se entende, sua beleza não é para sempre. Dá trégua para vida. Eu  não sou sua amiga. Mas todo mundo precisa de uma aurora, uma salvação. Você foi a minha avalanche. Talvez eu até pudesse ter sido sua salvação, mas quando eu te conheci, era só para entregar a carta com o endereço errado. Essa história não era para ser minha. Era ganhar ou perder, não é. E eu não perdi nada. As fichas apostadas foram dos espectadores que assistiam esse filme. Todos eles sabiam o final não é? Desse spoiler ninguém fez o favor de me contar, eu poderia ter poupado o meu coração.

Isso tudo deve servir de uma boa lição, uma história para contar. Eu só queria me despedir, eu sei que você sempre vai estar aqui. Eu não guardo nenhum tipo de raiva dentro de mim, espero até que alguém te sirva como remédio para essa tua dor frequente de viver. E te cure. Até nunca mais.

Foto: We Heart It





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