Texto: A velha novata
Um dia, um dia que eu achei que seria diferente dos outros. Acordei com aquela velha preguiça matinal enquanto o sol estava nascendo na minha janela. Os meus pés frios encostavam-se ao chão a cada passo até o banheiro. Meu pijama de sempre, que na verdade era só uma camisa qualquer, e o cabelo bagunçado de todos os dias. Enquanto a pasta de dente espumava na minha boca, eu encarava o espelho. O que teremos para hoje, vida? Uma pitada de aventuras ou um balde cheio de cálculos que nunca fizeram sentido para mim? As palavras fazem mais sentido.
Eu poderia ser atriz, ideia da minha mãe. Porque eu adoro um
drama. Aquele all star sujo continua sendo sempre a minha opção, até porque
odeio todos os meus outros sapatos. A camisa da escola, o óculos, alguma grana
para o lanche e calça jeans, porque não se deve ir de saia ao colégio. Subi aquela colina
imensa até chegar aquele ponto de ônibus vazio. Meus fones de ouvido me fizeram
companhia enquanto eu encarava a paisagem desejando algum tipo de milagre, uma
boa noticia ou só que o dia fosse produtivo e bom.
Sabe, se me perguntassem que tipo de poder mágico eu gostaria de
ter, seria tele-transporte para nunca mais ter que andar, pegar ônibus ou
comprar passagens de avião com qualquer destino. Na sala de aula, com as bochechas
rosadas da minha quase corrida e respiração ofegante, disse oi para as pessoas
mais próximas e me sentei junto com a minha ingenuidade a fim de entregar todas
as lições que eu passei horas na noite anterior fazendo. Só que ninguém me
avisou que eu não devia fazê-lo. Não
deveria entregar, pelo menos não naquela data. Eu me senti insultada com todos
aqueles comentários. Não. Eu não queria estar à frente de ninguém e nem
prejudicar qualquer pessoa.
Exatamente por isso, eu precisei me defender de uma
multidão. Coloquei as primeiras palavras que eu pensei para fora. Assim sem
mais e nem menos. A mesma multidão que me colocou num pedestal e me coroou a
Rainha da graça, beleza e tudo mais, agora me apedrejava com palavras. Desculpe, mas é que todos vocês perderam o
limite. E eu precisava dizer algo. Desculpe a grosseria, mas normalmente essas
palavras não sairiam da minha boca. Vocês costumam pisar no ponto fraco alheio,
e eu sou novata nesse ramo da autodefesa, porque a minha vida inteira, eu
tentei fugir de qualquer desentendimento, brigas e aglomerações de pessoas que
eu encontrei.
Eu nunca me acostumei com pessoas assim que rogam pelo
sofrimento dos outros, porque eu não devo me acostumar e me conformar. Eu sempre
fui rodeada de amor, e o amor e o me mertiolate curavam qualquer dor e joelhos
ralados. E assim sempre será. Espero que vocês também se curem desses joelhos
ralados que ninguém cuidou e possam receber o amor que silenciosamente lhes
fazem falta, porque eu acho que todas essas maldades de vocês, na verdade é um pedido de socorro.
Eu não sei se eu deveria pedir desculpas, mas eu o faço
assim mesmo. O dia não foi como eu
imaginei quando acordei, mas ainda há uma infinidade de dias para ser feliz,
pela frente. Talvez aquele milagre deva chegar logo, aquela noticia boa também.
E eu adorarei detalhar as minhas aventuras malucas com os meus super poderes e
saias.
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Congratulations Butterfly *--*
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